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Eleição de Samir Xaud na CBF fortalece Sarney e Zveiter e enfraquece Paulistão

by Agência Hotz

Seguindo um roteiro que já estava traçado desde a semana retrasada, o médico roraimense Samir Xaud foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), durante Assembleia Geral realizada neste domingo (25), na sede da entidade, no Rio de Janeiro (RJ).

Único candidato inscrito no pleito, Samir obteve 103 votos de 46 eleitores presentes ao encontro, sendo 25 presidentes de federações (75 votos) e dez representantes de clubes (28 votos).

Quem elegeu Samir Xaud presidente da CBF?

Na Assembleia Geral Eleitoral da CBF, o voto com maior peso (3) foi o das federações, que fecharam em peso com Samir Xaud.

Ele obteve os apoios de 25 entidades: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

As duas federações que ficaram de fora são as de São Paulo, cujo presidente Reinaldo Carneiro Bastos tentou se lançar candidato, mas não obteve a quantidade necessária de assinaturas para concretizar esse desejo, e do Mato Grosso, que optou por permanecer ao lado do cartola paulista.

Reinaldo nem mesmo participou da Assembleia Geral Eleitoral da CBF. Neste fim de semana, ele viajou a Lisboa, em Portugal, para acompanhar a final da Champions League Feminina 2024/2025, entre Barcelona e Arsenal, vencida pelo time inglês.

Ainda assim, o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) recebeu elogios de Samir no discurso feito pelo novo presidente.

“Aproveito a oportunidade para saudar respeitosamente o presidente da Federação Paulista, senhor Reinaldo Carneiro Bastos. A presença de um candidato qualificado como ele legitimou ainda mais essa eleição, pois a concorrência entre propostas e visões de futuro é o que torna o processo eleitoral legítimo e transparente”, destacou.

A ausência de Reinaldo no pleito também levou grande parte dos clubes das Séries A e B do Brasileirão a optarem pelo boicote à Assembleia Geral Eleitoral da CBF.

Na semana passada, 32 times haviam declarado apoio ao dirigente paulista em sua tentativa de se candidatar à presidência da entidade, fato que acabou por não ocorrer, uma vez que Reinaldo não contava com ao menos oito assinaturas de federações estaduais para poder se registrar no pleito.

Os elogios reiterados feitos por Samir ao cartola paulista indicam que ele está disposto a dialogar com ele e os 21 clubes que aderiram ao boicote.

Além dos votos das federações, Samir foi eleito na CBF com apoios de dez equipes das Séries A e B: Amazonas, Botafogo, CRB, Criciúma, Grêmio, Palmeiras, Paysandu, Remo, Vasco e Volta Redonda.

Quem sai fortalecido com a vitória de Samir?

Com 41 anos de idade, o médico infectologista representa a tentativa da cartolagem de conferir ares de renovação à instituição que dita os rumos do esporte mais popular do país.

Mas isso não impediu Samir de tecer elogios públicos ao antecessor Ednaldo Rodrigues, defenestrado do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

“Não poderia deixar de registrar aqui meu reconhecimento ao presidente Ednaldo Rodrigues. A ele, meus agradecimentos pela dedicação com que conduziu o futebol brasileiro até aqui. As conquistas de sua gestão são patrimônio do futebol brasileiro e merecem ser respeitadas e preservadas”, agradeceu Samir.

Essa declaração pode ser lida como um sinal de que, apesar de se apresentar como renovação, o presidente eleito também garantirá a continuidade dentro da CBF.

A chapa única “Futebol para Todos: Transparência, Inclusão e Modernização”, encabeçada por Samir, elegeu oito vice-presidentes: Ednailson Leite Rozenha, Fernando Sarney, Flávio Zveiter, Gustavo Dias Henrique, José Vanildo da Silva, Michelle Ramalho Cardoso, Ricardo Augusto Lobo Gluck Paul e Rubens Renato Angelotti.

Desse grupo, os grandes vitoriosos são Sarney, nomeado pela Justiça como interventor na CBF e que participou ativamente da construção da candidatura de Samir, ao lado de Zveiter, que também teve papel fundamental nas articulações e saiu fortalecido com o resultado.

Não se pode esquecer de que uma das principais promessas de campanha do novo presidente era a de descentralizar as decisões na CBF. Com isso, os dirigentes eleitos deverão ter mais autonomia e poder em suas respectivas áreas.

“Não cheguei até aqui sozinho. Faço parte de um grupo que se uniu com um único propósito: construir uma nova CBF, moderna, participativa e comprometida com o desenvolvimento da indústria do futebol”, disse Samir.

A Assembleia Geral Eleitoral ainda escolheu os novos integrantes do Conselho Fiscal da CBF, que terá Simon Riemann Costa e Silva, Eduardo Rigotto Netto e Frederico Ferreira Pedrosa como membros efetivos, enquanto Francinaldo Kennedy Lima Barbosa, Manoel Rodrigues Neto e Rodrigo Ferreira La Rosa ficarão na suplência.

Quem sai enfraquecido com a vitória de Samir?

Durante a fase de articulação das candidaturas, ficou claro que Reinaldo Carneiro Bastos e seu grupo saíram mais enfraquecidos da disputa.

O manifesto dos 21 clubes que optaram por boicotar a Assembleia Geral Eleitoral foi uma tentativa de manter o grupo unido para ao menos poder dialogar em pé de igualdade com o novo mandatário da CBF.

Os elogios públicos a Reinaldo parecem indicar que Samir está disposto a realizar essa conversa, inclusive porque, no fim das contas, apenas dez clubes das Séries A e B apoiaram de fato o novo presidente, enquanto os outros 30 sequer compareceram à votação.

Contudo, a primeira medida objetiva anunciada pelo novo presidente trará impactos significativos para a Série A1 do Paulistão, principal competição organizada pela Federação Paulista de Futebol (FPF), de Reinaldo.

Samir anunciou que pretende reduzir os Campeonatos Estaduais para no máximo 11 datas anuais. Se isso ocorrer, o Paulistão deverá perder cinco rodadas, o que poderia resultar na necessidade de mudanças no formato ou mesmo na redução da quantidade de equipes.

“Que fique claro: essa reorganização do calendário é necessária, mas não significa uma desvalorização dos Campeonatos Estaduais. Entendemos que são os Estaduais que movimentam economias locais, mantêm viva a tradição do futebol nos quatro cantos do país e fortalecem o sentimento de pertencimento entre torcedores e seus times do coração”, afirmou Samir, que se comprometeu a implantar medidas de valorização dos Campeonatos Estaduais.

A pauta encampada pelo novo presidente tende a agradar os clubes, especialmente os maiores, que estão sediados em estados cujos campeonatos locais não são competitivos ou rentáveis.

Hoje, a maioria dos Estaduais não oferece premiação em dinheiro aos clubes participantes.

Com seis clubes disputando a Série A do Brasileirão, o Paulistão acaba representando uma realidade à parte nesse cenário.

Em 2025, por exemplo, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo ganharam da FPF R$ 44 milhões apenas pela participação no campeonato. O Timão ainda faturou outros R$ 5 milhões pela conquista do título deste ano.

No Rio de Janeiro, por outro lado, as cotas de participação recebidas pelos clubes grandes neste ano foram bem menores que as de São Paulo e não houve pagamentos extras para campeão e vice.

O Flamengo levou R$ 22 milhões para estar no Campeonato Carioca, metade do que a FPF pagou ao Santos no Paulistão.

Fluminense e Botafogo levaram R$ 17 milhões cada, enquanto o Vasco recebeu R$ 11 milhões, o equivalente a 25% da cota paulista.

Nos outros estados, as quantias são ainda menores, quase sempre sem premiação adicional por desempenho.

No Rio Grande do Sul, as cotas de participação de Grêmio e Internacional no Gauchão 2025 foram de aproximadamente R$ 10 milhões. Em Minas Gerais, Atlético-MG e Cruzeiro ganharam R$ 7 milhões pela presença no Estadual deste ano.

Promessas do novo presidente

Em seu primeiro discurso à frente do cargo, o novo presidente da CBF comprometeu-se a trabalhar pela criação de uma liga unificada no país.

“Como dito ao longo da campanha, a criação da liga é outro compromisso desta presidência, que tomará todas as medidas para que esse tão importante projeto de desenvolvimento do futebol brasileiro saia efetivamente do papel”, enfatizou.

Samir também afirmou que o fair play financeiro será uma prioridade de sua gestão.

“Nossa ideia é que seja instituído imediatamente um grupo de trabalho sobre fair play financeiro no âmbito da CBF, com o objetivo de propor as diretrizes para uma regulação moderna e adequada à realidade do futebol brasileiro”, declarou.

O presidente ainda disse que pretende fortalecer as ações de combate ao racismo e que dará atenção especial ao futebol feminino.

“Vamos aumentar investimentos, ampliar e valorizar as competições. Tenho orgulho de ter na minha chapa a primeira mulher como vice-presidente da história da CBF [Michelle Ramalho Cardoso]. Juntos, faremos uma revolução no futebol feminino. A Copa do Mundo de 2027, aqui no Brasil, será um marco. Vamos aproveitar esse momento para alçar o futebol feminino ao lugar que ele merece: o de protagonista”, afirmou.

Por fim, ele afastou qualquer possibilidade de a seleção brasileira vir a utilizar camisas em cores distintas das tradicionais amarela, azul, branca e verde, em uma clara alusão à tão comentada camisa vermelha (ou rosa) que estaria sendo produzida pela Nike.

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