O anúncio de detalhes da negociação com a Adidas, que tenta desbancar a Nike como fornecedora de material esportivo do Corinthians, representou o último ato de Augusto Melo na presidência do clube, antes de ter seu impeachment votado e aprovado pelo Conselho Deliberativo, na noite desta segunda-feira (26).
A proposta da marca alemã é analisada pelo Conselho de Orientação (Cori) e deve render R$ 69 milhões anuais fixos ao Corinthians, em um contrato que pode atingir R$ 1,2 bilhão, ao longo do vínculo, que seria de dez anos de duração.
Mas em sua primeira entrevista coletiva, concedida na tarde desta terça-feira (27), o presidente interino Osmar Stabile colocou uma interrogação no acordo com a Adidas, costurado pelo antecessor.
Questionado sobre a negociação, o dirigente afirmou desconhecer detalhes da proposta feita pela empresa alemã. Stabile ainda encontrou um jeito de afagar a Nike, atual fornecedora de material esportivo do Corinthians.
“Temos de respeitar quem está conosco hoje, que é a Nike”, disse o presidente interino.
Conhecendo o tamanho do problema
De um modo geral, as respostas de Stabile sobre a questão financeira e os contratos firmados pelo clube foram vagas.
O cartola alegou estar ainda se inteirando das informações do Corinthians, pois, durante o mandato de Melo, teria sido mantido afastado da gestão do clube.
Stabile e o vice-presidente Armando Mendonça afirmaram que a situação financeira do Corinthians seria crítica.
Os dirigentes foram questionados quanto ao uso da expressão “terra arrasada” durante a entrevista concedida na noite anterior.
Os dois explicaram que o Corinthians não teria dinheiro em caixa para honrar compromissos que vencem nos próximos dias e correria o risco de ser excluído do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut), por conta de uma parcela de R$ 3 milhões, que precisa ser paga ainda nesta semana.
“Foram noticiadas questões de que nosso caixa estava em ordem, o que não é verdade. A situação é muito grave. Corremos o risco de sair do Profut”, declarou Mendonça.
Caso seja excluído do programa, o Corinthians ficará impedido de negociar dívidas com o Governo Federal. Stabile, no entanto, disse que a diretoria daria um jeito de arrumar dinheiro para saldar esse débito.
Como a questão política pode afetar negociação com a Adidas?
Por ora, ainda que Osmar Stabile afague a Nike e desconverse sobre as negociações com a Adidas, é difícil saber até que ponto ele terá a palavra final sobre essa questão.
O cargo que ele ocupa é na condição de interino. Caso faltassem seis meses para o fim do mandato para o qual Melo foi eleito, Stabile assumiria a presidência de fato, sem a necessidade de nova eleição.
Na coletiva, Stabile informou que o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, tem até sexta-feira (30) para definir a data da Assembleia Geral que votará a cassação do mandato de Melo.
Até o momento, não está claro se Stabile será o nome escolhido para pacificar o ânimos e unificar as forças políticas no Parque São Jorge ou se outra liderança será incumbida dessa missão (talvez o próprio Tuma Júnior, que viu seu prestígio crescer com o desenrolar do impeachment de Melo).
Se a cassação de Melo vier a ser aprovada, o estatuto do clube prevê que Stabile seguirá como presidente interino, até que seja realizada nova eleição, na qual poderão votar apenas os membros do Conselho Deliberativo (sem participação dos demais associados), para a escolha do mandatário que ficará no poder até o fim do ano que vem.
Para participar dessa disputa, o candidato deverá ser conselheiro vitalício ou ter sido eleito para o Conselho pelo menos duas vezes.
O nome escolhido nessa “eleição-tampão” é que irá decidir de fato quem será a fornecedora de material esportivo do Corinthians. Ao atual contrato com a Nike irá vencer no fim de 2025.
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