Um dia após ter sido nomeado interventor na presidência da CBF, Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, já marcou novas eleições para a confederação para o dia 25 de maio. A iniciativa é feita a toque de caixa, já que Sarney tinha o prazo de até 90 dias para convocar o pleito eleitoral.
A CBF irá publicar neste sábado (17) o primeiro edital com o regulamento da eleição. Os possíveis candidatos têm o prazo de domingo a terça-feira (18 a 20) para registrarem suas chapas. Cinco dias depois, haverá a disputa para eleger o sucessor de Ednaldo, que é visto como carta fora do baralho neste momento.
Candidaturas
Três nomes despontam como possíveis candidatos: Fernando Sarney, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e Samir Xaud, mandatário da Federação Roraimense de Futebol (FRF).
Alguns dirigentes dentro da CBF acreditam que Sarney estaria apenas interessado em promover a nova eleição e se retirar do processo. Mas há quem o credencie ao posto pelo papel de protagonista que o dirigente, filho do ex-presidente José Sarney, ganhou nos últimos dias.
Carneiro Bastos tem forte apoio dos clubes, principalmente os ligados à Liga Forte União (LFU), que conta com 11 representantes na Série A e 16 na Série B. Todos votam na eleição da CBF. O dirigente também possui articulação entre algumas das equipes da Liga do Futebol Brasileiro (Libra).
Xaud, nome próximo ao ministro Gilmar Mendes, do STF, conta com suporte de presidentes de federações estaduais, principalmente entre os signatários de manifesto divulgado na noite de quinta-feira (15) pedindo “estabilidade, renovação e descentralização do futebol brasileiro”.
Assinaram o documento os mandatários das entidades de Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe. Xaud, porém, não agrada os clubes, devido à pouca representatividade de Roraima no futebol brasileiro.
Sarney apareceu na CBF na noite de quinta-feira (15), pouco depois de ter sido nomeado interventor em decisão do desembargador Gabriel Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Segundo a Máquina do Esporte apurou, tem sido intensa a movimentação de presidentes de federações na sede da entidade desde então.
Apesar de ter deixado o prédio já pela noite, o dirigente retornou à sede da confederação nesta sexta-feira (16), logo pela manhã, para conversas com dirigentes e encaminhamento das tratativas necessárias para marcar o novo pleito eleitoral.
‘Virou pó’
Ednaldo Rodrigues foi destituído do cargo por decisão do TJ-RJ por suposta falsificação da assinatura de Antonio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, um dos vice-presidentes da CBF, em documento que viabilizou a manutenção do dirigente à frente da entidade. O documento havia encerrado ação que questionava a eleição anterior de Ednaldo para presidir a CBF, em 2022.
Cerca de 50 dias após ter sido reeleito por unanimidade entre clubes e federações, o apoio a Ednaldo “virou pó”, como definiu um dirigente. Contra ele pesa, além da decisão do TJ-RJ, três denúncias na Comissão de Ética da CBF.
Uma delas é por diversos casos de assédio moral, em investigação que tem sido conduzida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo a Máquina do Esporte apurou, há dezenas de denúncias de funcionários e ex-funcionários da CBF.
Outra denúncia refere-se ao caso da possível falsificação da assinatura do coronel Nunes. Por outro lado, há também acusação de gestão temerária à frente da entidade.
Ednaldo teria promovido cerca de 40 alterações no estatuto da CBF em novembro de 2024 retirando poder dos demais membros da diretoria e concentrando todas as decisões nas mãos do presidente. Os mandatários das federações estaduais teriam assinado sem ler e agora estariam se sentindo traídos.
Não é possível saber oficialmente o que consta no documento porque ele nunca foi publicado no site da CBF. Em sua página oficial, o estatuto que está no ar ainda é o de 2022, que já teria passado por essa série de alterações.
Há ainda o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para o dia 28. O Pleno da Corte irá julgar Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), que havia mantido Ednaldo no poder. Caso seja oficializado um novo presidente da CBF três dias antes, tal julgamento se tornaria inócuo.
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