O Boavista foi “punido” pela CBF por ter transmitido o jogo contra a Portuguesa em sua página no YouTube, na estreia das duas equipes na Série D do Campeonato Brasileiro, no último sábado (19).
Naquela partida, o time de Saquarema (RJ) fez um acordo de reciprocidade com a Portuguesa, que também exibiu a partida, com transmissão própria, em seu canal oficial, desobedecendo ofício da própria CBF, que havia proibido iniciativa semelhante.
Nesta semana, ao acessar a Pallas, agência contratada pela CBF para a logística de viagens e hospedagem oferecida aos clubes, o Boavista soube que sua ajuda de custo estava “suspensa temporariamente”. A CBF, porém, nega que tenha punido Boavista e Portuguesa.
A equipe do interior do Rio usaria a logística oferecida pela CBF para a viagem da segunda rodada da competição, quando enfrentará o Rio Branco, em Cachoeiro de Itapemirim (ES). O jogo será no sábado (26), às 15h30.
Direitos de TV
Inicialmente, a CBF havia impedido os clubes de vender seus direitos de TV pela Lei do Mandante para qualquer plataforma de transmissão. Assim, acordos que alguns times, como Portuguesa e Treze-PB já haviam assinado com o Canal Goat, tiveram que ser cancelados. Outros clubes, com apelo regional, também estavam em negociações avançadas, como Santa Cruz-PE e América-RN.
Havia conversas em andamento de times de ao menos quatro estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Maranhão) com plataformas de transmissão. Todas essas negociações foram abortadas.
Durante a reunião técnica da Série D, realizada uma semana antes do início da competição, a CBF reiterou que era a detentora exclusiva dos direitos de transmissão do evento e que os clubes haviam aberto mão desse ativo ao assinar o Termo de Confirmação de Participação no campeonato, que estabelecia isso.
Na quarta-feira antes do início do torneio (16), porém a CBF enviou ofício às equipes dizendo que deixaria, excepcionalmente, que as partidas fossem exibidas nos canais dos clubes, até a própria confederação finalizar negociação para todo o torneio.
No sábado (19), porém, a entidade voltou atrás, enviando nota aos 64 times da quarta divisão dizendo que até essas transmissões estavam proibidas.
Transmissão
Apesar disso, Boavista e Portuguesa mantiveram a exibição de um jogo bastante movimentado, que terminou com empate em 2 a 2. Os demais 31 duelos da Série D tiveram blecaute, sem nenhuma forma de exibição.
No ofício divulgado aos clubes anteriormente, a própria CBF havia declarado que quem comercializasse suas partidas teria suspenso “o custeio do clube das despesas com arbitragem, logística com transporte, de qualquer natureza, hospedagem e alimentação, bem como o pagamento das cotas de participação e premiação ao longo da disputa do Campeonato Brasileiro Série D 2025”.
Sem acordo firmado pela CBF, todos os jogos da segunda rodada da Série D estarão em blecaute, como ocorreu com 31 duelos da rodada inicial.
Clubes de diversas regiões do país ouvidos pela Máquina do Esporte afirmam que irão apenas divulgar um vídeo de melhores momentos após os jogos em seus canais oficiais. Para partidas fora de casa, porém, nem esse serviço estará disponível.
Negociações
O imbróglio da Série D pode estar próximo do fim. Segundo Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), em entrevista ao Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, a CBF irá esperar até a terceira rodada para ver viabiliza as transmissões.
“Série D é a competição que a CBF que tem maior investimento. 64 clubes. O que ele [Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF] me disse é que estava negociando esses direitos”, contou o dirigente.
“Durante três rodadas ia dar aos interessados a chance de fazer uma proposta. E aí, se isso não acontecer, ele abriria para os clubes transmitirem. Se ele permitisse desde já, enfraqueceria a negociação dele”, completou Carneiro Bastos, que acredita que a CBF busca fechar esse contrato para diminuir seus custos com o campeonato.
Logística
O investimento da CBF com o torneio, de fato, não é pouco. Apenas com cotas de participação ao longo de toda a Série D supera R$ 40 milhões.
Já os gastos com logística variam para cada clube. Um time de uma grande metrópole tende a viajar distâncias menores, barateando as despesas com deslocamentos. Equipes de estados mais periféricos, como as da região Norte, têm um custo mais alto com locomoção.
Na Série D, a CBF paga viagens de ônibus para deslocamentos de até 700 km. No caso de trajetos superiores a essa distância, a confederação oferece passagens de avião.
As delegações também têm direito a 32 vagas em hotel, além do ônibus para deslocar a equipe ao estádio e para o retorno após o jogo.
